sábado, 23 de abril de 2011

"No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
Carlos Drummond de Andrade "

domingo, 10 de abril de 2011

Ser/Estar/Fazer Amor

    Como um verme lêntido e sem moral alguma me lanço ao computador para escrever linhas que meus olhos, lançados como um cão faminto que se lança à carne rala que seu dono lhe oferece, admiram...

    Fiz amor e por ser amor fiz com suor, sorrisos e gemidos abafados que a alma solta no ato. Fui até onde jamais poderia entrar sem a total percepção do ser/estar/fazer amor. Me retive é verdade pois o amor às vezes pede tempo para respirar, o que considero necessário, mas curioso, pois o próprio é tão ardiloso que me faz, digo, que nos faz parar de respirar para não deixar que o ar frígio da noite esfrie nossos pulmões que tão perto do coração estão. Mas mesmo assim me retive, pois, apesar do amor ser tão sufocantemente delicioso a ponto de me fazer perder a razão para não mais pensar em respirar e somente pensar no céu que tenho dentro de mim, ele ao mesmo tempo me faz pedir tempo para não morrer de amor (se eu morrer de amor não posso mais viver amor).
    Ela dorme. Eu a vigio cautelosamente, acariciando a minha visão por sobre sua pele branca. Pouco mais cedo estava eu a embebedar-me de sentimentos luxuriosos e ações impensadas, apenas sentidas. Babei, como criança que tem na boca um motivo para conhecer o mundo, como crisálida que não tem tempo determinado apenas natureza de se fazer imóvel. Meu corpo corria, meus olhos passeavam, minha boca salivava e minha imaginação fantasiava.
    Ela é simples como uma nuvem. É rara como um primeiro beijo. Ela é majestosa como um pôr do sol. É finita como um suspiro. É necessária como respirar.
    Ali, logo ali em cima me fiz bêbado. Bebia água, luxúria e amor.
    Ainda dorme. agora com a respiração afobada. Talvez sonha, talvez apenas descanse, mas eu tenho certeza de que sua cabeça jamais saíra o momento que me propus a fazer amor... e não simplesmente estar lá.