quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

As flores do mal

    É estranho como e quanto estou feliz mesmo com tantas peripécias que o amor já resolveu me aprontar. Acredito que exista um amor regente de todo mundo, assim como Deus, isso pelo menos, explicaria essa rede infinita que as pessoas tem consigo mesmas. Redes invisíveis e imperceptíveis. Algum nerd chamaria isso de tecnologia. Eu chamo de amor.
    Minha boca secou às 5:15hs da manhã. Como poderia acontecer o que acontece? Mas a verdade é que eu queria ter aproveitado mais antes de ver minhas dúvidas irem embora, irem viajar para bem longe... queria te-las beijado mais, sem sentimentalismos, sem conjugações ou porquês, queria ter aproveitado cada segundo do beijo infinitamente ligeiro ao qual fui pego de surpresa.

   Atravesso a rua e sem querer olho para trás.



À QUE É MUITO ALEGRE

Teu ar, teu gesto, tua fronte
São como uma bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Como uma brisa no horizonte.

A tristeza aos teus leves passos
É ofuscada por esta saúde
Que é luz a descer da altitude
De teus ombros e de teus braços.

Como estas deslumbrantes cores, 
Que em tuas roupas muito afetas,
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.

Estes vestidos são reclamo
De um espírito variegado;
Louca, por ti sou desvairado,
E eu vou te odiando enquanto amo!

Por vezes num jardim perfeito
Onde arrastava minha atonia,
Eu senti, como uma ironia
O sol lacerando o meu peito;

E me humilharam com rudeza
A primavera e o seu verdor,
Que eu puni em uma flor
A insolência da Natureza.

Assim eu quisera uma tarde,
Quando a hora das volúpias soa,
Às riquezas de tua pessoa
Subir assim como um covarde.

E castigar-te a carne embevecida,
E magoar teu seio perdoado
E impor a teu flanco espantado
Uma larga e oca ferida,

E, deslumbramento sereno,
Através desses novos lábios,
Muito mais belos e mais sábios,
Inocular-te o meu veneno!

(Extraído do livro "As Flores do Mal" de Charles Baudelaire)

   Acreditar no amor é quase o mesmo que acreditar em Papai Noel. Eu já vi os dois, então...!
 Só estou tentando me entender. Não pirem...

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