quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sonetos

LXXXIX

          Se Algum defeito meu te faz abandonar-me,

          Agravarei, em prol de ti, êsse defeito.

          Achas feio eu coxear? Mais coxo hei de tornar-me,

          Reforçando o labéu lançado a meu respeito.

          Tentando coonestar o que fazer desejas,

          Tu não podes, amor, desmerecer-me tanto

          Quanto eu mesmo o farei. Ciente do que tracejas,

          Da nossa intimidade eu vencerei o encanto,

          De ti fugindo, alheio a ti, e a minha língua

          Calar teu nome bem-amado, ai! decerto há de,

          Por não mentir, profana, ao meu intento, à míngua

          De alor, para quebrar a velha intimidade.

                Só por ti arrostarei, firme, da luta os dramas:

                Pois não me devo amar, sabendo que não me amas.


Shakespeare

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